E eis que a chuva parou. Estiou, anunciada pelo barulho dos pássaros. Sons que pouco se ouvia naquela terra de ninguém. Um sol tímido se mostrou entre as nuvens cinzentas, acosteladas por raios brancos de luz. O estado perene de entardecer úmido cedeu para um dia ensolarado e seco. As pessoas saíram de suas casas, atordoadas. Chega uma hora que as coisas tem que acabar. E assim acabaram os contos da terra de ninguém. Por longo tempo nada se ouviu, e o cotidiano silencioso trouxe a incomoda sensação de que nunca mais choveria de novo. Mas "acabar" e "nunca" são palavras deveras profundas. Poucos são os que testemunham o seu cumprimento real. E isso talvez traga consolo a alguns. Mas por hora, silêncio e silêncios. Silêncios de várias partes e profundidades. Quietudes e cantos de pássaros. Barulhos de insetos e crepitar de fogueiras. O vago som da serenidade.
Até o dia em que a chuva volte e banhe a terra de ninguém e seus contos se façam ouvir novamente.
Caberia o verso jazer velado no cemitério enluarado.