Embrutece, pois, a alma, diz um.
E empedra também o coração
Não perdes a ternura!, diz o outro
Passaste tempos demais no abismo, responde o primeiro,
Suspirando poesias e saudades. Era a hora, mas preferiu-se entender que não agora.
Estás cansado e nu na areia, de novo, diz o segundo
De peito aperto, mais uma vez seu amor é vão.
Mas podes dormir, beber, sonhar, fazer disso poesia.
Já faz tempo que essa dança não termina, cospe o primeiro
Suas pernas doem e só doem menos que o coração
Há um corte no fundo da alma. Uma saudade, uma raiva, uma dor,
E ora, não existe dor maior do que a dor humana, continua.
Não embrutece, canta o outro, de novo.
Não empedra
Terno permanece
Não espera.
Cresce.
(Silêncio)
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