quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

(A)mar

A lua sobre o mar era um escudo prateado contra a escuridão profunda. O som das ondas era um compasso calmo, um ritmo lento que embalava, uma melodia triste, porém reconfortante, uma canção de dor e perda, mas também o sussurrar que fazia pairar no ar uma lembrança terna. A areia era um tapete liso pra se fazer derramar sensações. E lá estavam eles, sentados lado a lado, ninados pelo barulho do mar e banhados pela luz da lua. Constantemente o olhar deles se perdia no mar e nas luzes do horizonte, e com a mesma intensidade se encontravam um no outro ao virar para o lado e se dar conta de que estavam sendo contemplados. Aquela era a amalgama do sentimento profundo: perder-se e achar-se imediatamente, de modo reciproco. Qualquer pergunta se relevava. O silêncio que envolvia os dois, imersos em cálida contemplação, dizia mais sobre aquilo do que uma odisseia completa. Os corpos falavam, mesmo no silêncio. Depois de um beijo, num lento movimento as pernas se entrelaçaram e os braços se uniram. Eles sussurraram um contra o outro, um por sobre o outro, embalados no ritmo suave do mar, num vai e vem hipnotizante. E lentamente maré vazia foi virando maré cheia, o mar foi beijando a terra, envolvendo-a num abraço terno, como era o deles dois. E quanto mais fortes as ondas, mais rápido o ritmo deles dois. O vento frio já nem importava, porque o (a)mar que banhava os dois era quente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário