Eramos nós dois numa dança, no meio da rua, no cais sob a lua, num restaurante fino ou num boteco de quinta. Éramos nós dois na luz e na escuridão. Na claridade da certeza e na penumbra da dúvida. Escondidos a meia luz, num refúgio calmo dentro de nós dois e tempestuoso do lado de fora, como parecia apropriado para a sina de dois amantes. Eramos nós dois numa praia deserta, a luz de velas velando sentimentos profundos. Eramos nós dois no refúgio de uma concha, dentro de um sorriso. Eramos nós dois uma aura leve. Eramos nós dois um sentimento reprimido e longas conversas . Eramos nós dois uma revelação. Eramos nós dois um "nós" tímido. Eramos nós dois um quinta chuvosa. Eramos nós dois e o sol nascia, as cinco da manhã quando os pássaros cantam. Eramos nós dois uma terça ensolarada. Eramos nos dois um bilhete, uma surpresa, um choro desesperado. Eramos nós dois um triste adeus. Eramos nós dois a reconciliação, um desejo profundo, uma declaração, eramos nós dois um do outro mais a cada dia. Eramos um do outro uma saudade, um romantismo, um último romance. Eramos nós dois um drama, uma vontade de ficar junto. Eramos nós dois visões de futuro. Eramos nós dois brigas e corações. Eramos nós dois vendedor e freguesa a trocar presentes. Eramos nós dois, sim, uma certeza. Eramos nós dois brigas e corações, mais uma vez. Eramos nós dois um devaneio final, uma tempestade sem promessa de calmaria, sem corações. Eramos nós dois o silêncio e a distância. Eramos dor e tristeza. Somos, ou não somos mais tudo isso que parecíamos ser?
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