segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

O último domingo

Dormingo.
Dor que míngua
de novo.
Assombra os dias meus.
Oh, que dor.
Que dor de domingo.
Que se vai nesta tarde.
Neste céu azul em ressaca.
Tic-tac, o tempo passa.
Sibila uma pergunta.
Paira no vento.
Ela sorri, faz pirueta.
Assobia e faz careta.
Mas não fala.
Domingo, dormingo, dor que míngua.
O ultimo domingo do ano.
Nem por isso a ultima dor. 
Tic tac, o tempo passa.
O ano se foi.
Já.
Ontem eramos nós dois.
Agora já não somos mais.
Ontem o silêncio era chato.
Já não é mais.
Ontem era escuro.
Já está claro (?)
Ontem dançávamos.
Uma valsa bela.
Uma falsa vela.
Já não dançamos mais.
Ontem era eu.
Já não sou mais.
Cadê
o
que
eu
perdi
aqui,
naquele
domingo.
Oh, que dor
Eu já nem sei mais
fazer esses versos
que tão fácil saiam.
Já não sei mais, será.
Ser poesia. 
Que vontade de gritar.
Pra quebrar
O silêncio chato, 
desse domingo. 
Que vontade de gritar
E quebrar
O nosso silêncio.
Que vontade de te chacoalhar. 
Te fazer lembrar
Do admirável mundo novo
Que nós dois víamos em sonhos
E ouvíamos numa concha.

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