Já passou da hora de você chegar
E eu ainda estou te esperando
Não há luz, nem cor, nem cheiro, nem música. Não há paz.
Eu não estou bêbado, já vai dar meia noite
Tic-tac: o relógio me lembra como o tempo é fugaz.
Essa espera angustia
Já vai dar uma,
Estou no mesmo lugar.
Esse silêncio que corta
A retina da rotina, dói.
Neste dia ensolarado
de manhã aveludada
Pintei um desejo no céu azul
Em meio aos sons aturdidos dessa cidade
Sussurrei os sonhos febris
Sonhados no calor do verão
São quase duas
E eu ainda sinto o gosto
Ainda há um sorriso
Um desejo escondido
Uma vontade de parar o tempo
Naquele momento.
Estou nu, mais uma vez
De peito aberto, uma vez mais
Meu coração numa bandeja.
Aquela carta numa caixa
É tarde, não vejo nada da janela
Queria ver o sol de novo com você.
Procuro nesses desencontros
Os nossos encontros
Nossas confissões, ditas suavemente,
Os nossos desejos,
Escondidos á meia luz
E me pergunto
O que vai ser disso aqui?
Vai dar três
E eu vou me render
Ás sombras
Dessa solidão.